Aconteceu tanto em tão pouco tempo. Não sei nem o que escrever. Vou deixando as palavras rolarem e postarei quando terminar. Perdoem-me os erros de digitação.
Posso escrever sobre a separação, o reencontro.... posso escrever sobre desejos, sonhos, etc.... posso escrever sobre tanta coisa. Acho que escreverei sobre a incapacidade de chorar (perdoe-me Fernando Pessoa... não sou poeta, mas sou fingidor. Talvez um fingidor tão fingido que se passa por poeta...)
Quando eu tinha meus 17 anos estava num momento muito interessante da minha vida. Não sabia o que queria, mas sabia o que não queria ser. Não queria ser mais um doutor, padre ou policial que está contribuindo com sua parte para o nosso belo quadro social. Queria ser um artista. Não queria a fama, nem o dinheiro (este já sabia desde os meus 15 anos como conseguiria). Queria ser livre. Queria poder sentir, divagar de corpo e alma... fazer o que saciasse meu coração sem julgamentos e sem culpa. Fazer da vida a minha arte e de mim o objeto a ser esculpido, moldado, coreografado, pintado (sem duplas interpretações por favor)... queria que minha vida pudesse se tornar uma peça de teatro, um livro, uma música... enfim, que eu fosse arte.
Nessa busca eu comecei a fazer coisas diferentes, que a gente não faz normalmente, a não ser que seja personagem de um livro ou de uma música (omito a possibilidade do cinema pois todo bom livro vira filme). Eu costumava sair da aula e ir andar no calçadão. De mochila mesmo. Acendia um cigarro (agora eu entendo pq não consigo largar o vício...), pegava lápis, papel e escrevia poesias... sangrava pelo grafite. Era tão libertador!
Numa dessas andanças pela praia, descobri uma livraria com cara de Livraria da Travessa, mas não era em Ipanema. Entrei para ler o máximo que pudesse, pois não tinha dinheiro para comprar nem os pocket books em promoção. Ao passar pelo balcão de antedimento vi uma pequena lousa onde estavam escritos dois versos de Fernando Pessoa. Agora só me recordo de um: "Escrever poemas é a incapacidade de derramar lágrimas...".
Lembro muito bem daquele dia.... e a lousa aparece tão nítida nas minhas lembranças que quase a vejo ao vivo. Mas algo se perdeu nesses últimos 6 anos. Minha capacidade de escrever poemas. Não os escrevo mais. Não sei porque. Talvez seja a falta de tempo... ou de saco pra encontrar rimas. Porque poema sem rima não é poema. Não me venham com pós-modernismos!! Pode ser qualquer coisa menos poema!!
A merda é que agora não consigo mais chorar nem escrever poemas. As coisas acontecem e eu guardo, pra mim, no silêncio do meu peito. E aí criam-se guildas de demônios que esperam o momento certo para me consumirem.
Tenho vontade de entrar lá com uma espada flamejandte e destruir cada um desses demônios, um por um! Corta-lhes cabeça, estripá-los, rasgar prazeirosamente cada pedaço deles. Sentir o sangue jorrando e eu triubfante, sobre a montanha de corpos. Depois queimá-los e enterrar as cinzas em campo maldito, sob uma camada de sal para que nem erva nem animal se alimente disso.
Acho que consegui matar alguns. Caíram 2 lágrimas.